Na última coluna do ano, o professor Paulo Saldiva, ao admitir que 2025 foi repleto de surpresas na relação entre saúde e meio ambiente, foca seu comentário nos eventos climáticos da última semana, quando ventos intensos, chegando próximos a 100 km/h, trouxeram caos e grandes transtornos na distribuição de energia elétrica para São Paulo e a Região Metropolitana.
“Isso é a materialização, infelizmente, a materialização trágica das previsões de que esses episódios extremos climáticos iriam ocorrer, já foram previstos no passado e já estão começando a acontecer no presente. Enchentes que, desde o ano passado, assolam o Brasil, períodos de seca que provocam queimas de florestas e mudanças bruscas de temperatura. Isso é um conjunto de ações. O produto desses fatos são produtos das ações, ou melhor dizendo, das inações e de certa indiferença do entendimento das mensagens que a ciência colocava.”
Saldiva define a atual situação como fruto tanto de mudanças climáticas globais como também da falta de preparo das cidades para essas mudanças que vão ocorrer.
“A fiação elétrica, a drenagem urbana, a cobertura vegetal desigual, com áreas de desertos que favorecem ilhas de calor que atraem ainda mais os ventos e também impermeabilizam o solo, favorecendo inundações. Se, de um lado, temos ventos em excesso, temos água de menos, com a crise hídrica que assola as grandes cidades, aqui especificamente na Região Metropolitana de São Paulo.”
Para o colunista, agora só resta olhar para trás e procurar melhorar o que foi feito de bom, sem deixar de nutrir esperanças no sentido do cultivo de hábitos mais saudáveis, além de fazer coisas que devíamos ter feito e não fizemos.
Eu espero que os nossos dirigentes, tanto locais quanto aqueles em escala global, comecem a entender a gravidade do problema e coloquem o bem comum e o provimento de um futuro virtuoso acima dos seus interesses imediatos […].
Isso passa também por nós, com a adoção de hábitos mais saudáveis e inclusive naqueles quando depositamos o voto na urna, que é um hábito extremamente importante e salutar para dirigir e para orientar os rumos da nossa nação e, em escala global, do planeta.
Eu deixo, apesar de tudo, uma mensagem de esperança.
Fonte: Paulo Saldiva / Rádio USP https://jornal.usp.br/?p=965653